Escutem os artistas da QuinTao!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O dia de música popular...


Foto://www.mds.gov.br/
Por: Guilherme Lanna

Todo centro urbano tem suas peculiariedades que o torna um cenário antropológico comportamental. No meio dos prédios cinzas, pessoas de várias idades, cores e credos misturam-se. Dentro do restaurante popular central de Belo Horizonte este universo é ainda mais potencializado. Cada um com seu visual, vocábulos individuais, histórias e objetivos diferentes representam a cara da cidade. No show do Ricardo Ulpiano, nesta sexta-feira, tudo isso esteve muito evidente, mas primeiro, vamos falar da história local da apresentação.

 O Restaurante Popular Herbert de Souza surgiu há 13 anos, no dia 11 de julho de 1994, na gestão do até então prefeito Patrus Ananias. O investimento de 3 milhões de reais - R$ 1,150 milhão do MDS e R$ 1,850 milhão da Prefeitura- permitiu equipamentos como vestiários, fogões industriais, caldeirões, cobertura do telhado com isolante térmico e sistema de ventilação. O planejamento passou também pela inclusão social. Banheiros e o refeitório têm acesso aos cadeirantes e funcionários foram contratados para dar suporte às outras pessoas com necessidades especiais. A alimentação passa por critérios nutricionais, feito por profissionais, e cerca de 10 mil alimentações são oferecidas todos os dias a preços populares.

Sobre o show, a proposta inicial era mostrar às canções do cd QuinTao, mas o feeling do artista o fez mudar de 
planos. O repertório foi direcionado para sambas tradicionais e MPB, principalmente, pela quantidade de pessoas de idade predominante do local. Em alguns locais, Alguns artistas mais rigorosos tendem fazer as pessoas engolirem à seco suas canções autorais, e olha que lá oferecem um refresco bem gostoso para ajudar a descer, mas o bom senso dizia para não cobrar aquilo que o público não estava preparado para receber. E foi isso que Ricardo Ulpiano fez. Não há dúvidas sobre o prazer de tocar as músicas do QuinTao, mas por que não permitir as pessoas momentos de nostalgia e alegria sem compromissos ou definições conceituais sobre arte e  música? A resposta esteve na leveza das almas dos senhores e senhoras que paravam na frente de Ricardo Ulpiano e fechavam os olhos ao escutar as músicas que embalaram suas histórias.

Enquanto o músico apresentava com desenvoltura músicas do Jorge Ben, Cartola, Caetano Veloso e Adoniram Barbosa pedidos de canções surgiam em meio ao público. As palmas também apareceram. Ou seja, quebrou-se a barreira daquele perfil de voz e violão que assolam os bares e transformam os músicos em fantasmas sonoros para o público. O momento ápice foi quando um simpático senhor começou a sambar sozinho na frente do Ricardo Ulpiano. A alegria dele foi cativante! Muitos, após almoçar, observavam atentos ao artista e davam seus pitacos. Enganam-se quem acha que pessoas simples não entendem de música. Houve até questionamento sobre determinada versão feita pelo músico. “A platéia estava exigente!”, afirmou Ricardo Ulpiano.

Os brindes que a produtora QuinTao levou também funcionaram muito bem. Ricardo Ulpiano sorria feliz ao entregar a “petequinha” com bombons e balas aos que mais interagiam. Gente de todo tipo e até os funcionários do local puderam adoçar depois do almoço. Opa! Estou esquecendo falar do cardápio do dia. Para quem esteve lá:  Arroz, feijão, Beterraba, frango e refresco pra molhar a garganta!

Sobre a apresentação pude perceber a necessidades das pessoas serem mais felizes. Todos os dias indivíduos acordam com as obrigações diárias, vivem na luta pela sobrevivência e não conseguem sensibilizar com nada. Como diz o refrão da música Cha Cha Chá da banda Aldan: “Eu não consigo mais me comover!”. E assim que anda o povo.  A velocidade das coisas não permite ninguém olhar para si e pra quem está ao lado. Esta carência ficou muito evidente na cara de alegria dos sensibilizados. Claro que pra alguns a música nem chegou a fazer cócegas no coração. Já para outros foi o momento de atravessar o tempo. Lembrar da primeira namorada(o), dos bailes de carnaval e reviver a mocidade com suas peripécias juvenis.

A música realmente tem o dom de sensibilizar. Como diz o conceituado filósofo alemão Nietzsche. “O mundo sem a música seria um erro”. Concordo e vou além, sem querer ser pretencioso. A música é capaz de nos aliviar do nosso maior erro que é escolher viver sem lembrar do que nos faz feliz. Lembrem-se senhores e senhoras! Não seja um erro, seja sempre música! Que assim seja..

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